terça-feira, 4 de março de 2008

O SOCIALISMO NÃO MORREU ?

Não responderei a pergunta do título da crônica, muito porque não tenho a resposta. Aliás, acho que tenho, mas não estou bem convicto de sua justificativa. Pois, se tratando de ideologia, quesitos essenciais como racionalismo e imparcialidade não têm seu devido valor. Claro, não vou me abster a dar uns pitacos, mas não esperem de mim algo significativo. Desde a década de 90, após a queda do muro de Berlim e o fim da União Soviética, que a maioria afirma que o socialismo acabou. De fato, apesar de se tratando de História, onde nenhum fenômeno tão recente pode ser considerado concluído, chegamos à mesma conclusão. Pouco sobrou do apogeu socialista das décadas de 50, 60 e 70: Cuba, massacrada economicamente pelo bloqueio dos EUA e sem Fidel; pequenas ditaduras trotkistas na Ásia e a grandiosa China, socialista politicamente, mas o maior capitalismo emergente do mundo. Quase nada, comparando-se ao período citado acima, quando os países que implantaram as doutrinas de Marx e Engels dividiam ao meio o mapa geopolítico do mundo. Estou puxando esse assunto porque, por incrível que pareça, apesar de ter seu atestado de óbito assinado, o socialismo parece que ainda respira por aparelhos.
E não é que, logo da América do Sul, desprezível em representatividade governamental ao socialismo em seu apogeu, o moribundo ameaça ressurgir. Logo do ventre dos derrotados pelas ditaduras militares de direita, estará renascendo a ideologia dos trabalhadores, dos camponeses e dos excluídos ? Bem que eu suspeitava que não acabariam com uma paixão tão avassaladora assim, simplesmente decretando o fim de um sistema político-econômico. Não se dá para apagar da alma um sonho, pois, apesar dos percalços e erros, ainda não soube de nada mais justo para se guiar os destinos de uma nação do que o socialismo. Gostos à parte, ressalvas também (a Stalin, aos sanguinários do leste europeu, aos populistas e às ditaduras vermelhas), gostaria de me aprofundar um pouco mais no nosso socialismo tropical. Socialismo de Hugo Chávez, sujeito chato, antipático e arrogante, mas extremamente carismático e competente. Socialismo de Evo Morález, líder indígena que tirou das mãos dos poderosos a tão sofrida Bolívia. Também populista, arrogante e prepotente, mas socialista, que é o que importa. Socialismo de Rafael Correa, presidente do Equador, a parte do triângulo que faltava. Hugo, Evo e Rafael, sem contar a esquerda moderada: Bachelet, Tabaré, Cristina e, claro, nosso Lula. Certamente essa turma deve tirar o sono do Bush, apesar do desgraçado ter problemas mais sérios pra resolver no oriente médio e no seu próprio país. Mas a chapa começou a esquentar por aqui e o circo ameaça pegar fogo. Os moderados devem estar morrendo de saudades do Sarney, do Alfonsín e do Sanguinetti, os presidentes-vaselina. Os reacionários devem estar doidos por um novo Pinochet, ícone da macheza militar da direita capitalista.
Não sei no que vai dar, mas estava precisando de adrenalina política na minha vida. Deu saudade da época em que pregava a luta armada, onde meu maior desejo era ver o fim do imperialismo americano. Mas, pensando bem, coitadinha da Colômbia e da nossa economia estabilizada e globalizada, já que vou ter que pagar as contas no fim do mês.
Sentar e conversar. Conselhos de um velho.

ANDRÉ FAXAS

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