sábado, 22 de março de 2008

PORMENORES


Viver não é mole, meu bom. Tanto problema, tanta chateação, tantos abacaxis a serem descascados e leões a serem mortos, que às vezes eu desanimo. Tanta dívida, tanta perturbação, que se torna quase impossível pensar em poesia numa hora dessas. Isso quando a saúde também não pifa, ou o carro, o computador, ou a maldita goteira no banheiro. Sem contar as mulheres e ex-mulheres, o Botafogo e a tv por assinatura que sai do ar quando chove. Vida difícil essa sob um calor de 40 graus, que decidiu aparecer logo depois das férias e do carnaval. Terrível essa vida de boletos e faturas, carnês e duplicatas. Meu bom, só tomando uma gelada pra relaxar ! Mas a cerveja aumentou, assim como a carne do churrasco e o carvão. Só nos restará o pandeiro e o tan-tan, mas com cuidado, pra vizinhança não reclamar.
E chegou a hora do IPVA e IPTU, da vistoria do Detran e do material escolar. Sem esquecer do dinheiro do advogado, do despachante e do celular. Ainda tem a tal da dengue que, tenho certeza, também vai me pegar. Vida dura, chapinha, vida dura. Roupa suada no corpo, secura na boca e ainda tem gente pra te encher o saco. Querem te cobrar dinheiro, por vezes atenção, compreensão, amizade, solidariedade, amor e fidelidade. Além de tudo te reprimem, repreendem, admoestam e te querem são. E nada da cerveja chegar !
Meu bom, eu acho que os imaturos deveriam ganhar uma pensão do governo. Receberíamos para não nos chatearmos ou estressarmos. Poderíamos acordar na hora em que quiséssemos, fazer o que quiséssemos e viver como quiséssemos. Haveria também a lei que obrigaria às mulheres a não cobrar dos maridos atenção, eficiência, amor e fidelidade. E uma lei mais rígida, que obrigaria às ex-mulheres a não perturbar mais ainda a já perturbada vida de seus ex-maridos. Junta-se a isso a lei da mordaça nas sogras, do silêncio nos cachorros e a estatização da Brahma, mas vê se arruma uma mais geladinha, Zé.
Para nos representarem em Brasília, votaremos em um candidato que defenda os imaturos, nos trazendo um pouco mais de paz e tranqüilidade. Queremos almoçar e não lavar louça, ficar 24 horas assistindo debates de esportes e que nenhum eletrodoméstico quebre em nossa casa. Não queremos trocar lâmpadas, apertar parafusos ou fechar registros. Nossos carros não poderão enguiçar e seremos isentos de cobranças de taxas e impostos. Poderemos brincar à vontade, dançar e ouvir música no volume máximo, sem que nos recriminem. Desejaremos os micro-shorts que passam pela rua, sem que nos admoestem. Não precisaríamos atender telefone, enfrentar fila de banco e teríamos um ar condicionado portátil, que nos acompanharia aonde fôssemos. Os imaturos, como nós, meu bom, seriam respeitados em seus direitos de serem eternamente crianças, sem compromissos, obrigações e deveres. Seríamos os reis do pedaço, cheios de regalias e benesses. Comeríamos, beberíamos e dormiríamos tranqüilos, teríamos salvo-conduto na madrugada e um sorriso na volta pra casa.
Pois é, meu bom, o papo ta fluindo, mas é hora do batente: carro, trabalho, dinheiro, conta, boleta, calor, mulher, ex-mulher, dengue e a maldita goteira do banheiro.
Bota essa no pendura, Zé.

ANDRÉ FAXAS

2 comentários:

Anônimo disse...

Andre Faxas,para que acabem ainda mais com tuas parcas mordomias, e só votar na dona Dilma Roskoff, tá na rua a campanha "Eu tenho mêdo da Dilma Roussef". Hã sim, ela diz não beber, e quando subversiva/assaltante lia a Bíblia todas as noites sentada em bolsas com fuzis de guerra, no seu cafôfo, vá ser mentirosa assim lá na terra da Jabulani.

Anônimo disse...

Andre Faxa, daqui a 7 anos, quando a cabeça esquentar pelo Botafogo, vá pegar o trem-bala com passagem a preço escorchante de 199 reais, Rio-SP, enquanto voa-se a preços menores, parcelados, e vão criar uma estatal só prá gerenciar este binquedinho do Lulla, e o barulho desta zoeira de trem, pior do que de avião decolando do SDU, trem maldito, gastador de dinheiro que irá nos fazer falta para segurança,saúde, escolas,empregos, desenvolvimento, puro "ego" inflado de um analfabeto politico o Lesma-Lulla.